domingo, 6 de janeiro de 2013

Falabella sobre 'Pé na cova': "Aos 50 o homem passa a viver com a morte"


Miguel Falabella como o coveiro Russo em 'Pé na cova' (Foto: TV Globo/João Cotta)MIGUEL FALABELLA COMO O COVEIRO RUSSO EM 'PÉ NA COVA' (FOTO: TV GLOBO/JOÃO COTTA)
Cria da Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, Miguel Falabella resgatou o ambiente de sua infância em “Pé na cova”, seriado que escreveu e em que atua como o protagonista Russo, um dono de funerária do Irajá.
- Lembro muito da Ilha do Governador, quando eu  brincava atrás do cemitério da Cacuia. Ia pegar fruta lá e diziam que vinha grudada com o morto. 'Pé na cova' é uma volta a esse subúrbio, mas de forma mais apocalíptica.
No seriado que a Globo leva ao ar a partir do dia 24, Russo é o patriarca de uma família paupérrima com ares de Adams. Vive às turras com a ex-mulher alcoólatra Darlene, interpretada por Marília Pêra, e é pai de Odete Roitman (Luma Costa) e "sogro" de Mart'nália, que namora sua filha.
- Todos são loucos. O seriado é  diferente de tudo o que já fiz em televisão, tem um outro registro. Eles são exacerbados. Não na interpretação, mas na pobreza, na desinformação. Tem uma empregada que chega tardíssimo porque mora longe e diz: 'Eu me atrasei porque caiu um prédio lá perto de casa e fiquei esperando para ver se tinha alguma coisa que eu pudesse pegar' - diz ele, aos risos.
Aos 56 anos, Miguel explica que o texto do seriado é essencialmente cômico. Mas é pontilhado de reflexões existenciais.
- Russo é um homem de 50 anos assustado com a perspectiva da morte. A primeira frase do programa é um close meu dizendo: 'Depois dos 50, o homem passa a viver com a morte'. É um  processo pelo qual todo ser humano passará, o momento em que você pela primeira vez vislumbra a velhice. Depois dos 50, a noção de finitude é clara para a gente. De repente você percebe que as coisas têm fim, que seus objetivos têm que ser preenchidos.
O autor prevê que 'Pé na cova' não agradará a todos.
- O seriado é leve, é pobre, é Brasil. Graças a Deus não será uma unanimidade. De cara, vão estranhar porque é diferente. Não é chanchada, não é um "Toma lá, dá cá". Tem outros questionamentos. Vai pegar aos poucos.

A solução encontrada por ele para a ausência de Ney Latorraca, que teve alta no dia 11 de dezembro depois de 47 dias internado, foi inspirada na participação de Ítalo Rossi como Seu Ladir em "Toma lá dá cá". Latorraca viveria o motorista Juscelino, papel que coube a Alexandre Zacchia.
- Quando ele estiver bem para trabalhar, virá para o papel de doutor Zóltan. No 'Toma lá da cá', começamos a citar Seu Ladir. E, de tanto falar nele, um dia ele apareceu como Ítalo. Será o mesmo com Ney. Vamos começar a falar dele, um médico picareta que faz plástica num puxadinho, vende receita de tarja preta e que um dia vai ser flagrado pelo 'Fantástico'.

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